quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Avôhai

Avôhai
Zé Ramalho
Composição: Zé Ramalho

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde coarava
Sua camisa e seu alforje de caçador

Oh meu velho e invisível Avôhai
Oh meu velho e indivisível Avôhai

Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina e que transparente cortina ao meu redor
E se eu disser que é meio sabido você diz que é meio pior
E pior do que planeta quando perde o girassol
É o terço de brilhante nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira que nunca dormia só

Avôhai... Avô e pai
Avôhai

O brejo cruza a poeira de fato existe
Um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de avôhai...

Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Voava de madrugada e na cratera condenada

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